quinta-feira, 25 de junho de 2015

SINCRETISMO RELIGIOSO.

Sincretismo é a reunião de doutrinas diferentes, com a manutenção embora de traços perceptíveis das doutrinas originais. "Sincretismo" deriva do termo grego sygkretismós, "reunião de vários Estados da ilha de Creta contra o adversário comum", através do termo francês syncrètisme.

Sincretismo é a absorção de um sistema de crenças por outro. Isto ocorreu, por exemplo, quando o cristianismo absorveu e adaptou conceitos das religiões pagãs da Europa, moldando-os de acordo com os interesses da Igreja Católica numa tentativa de facilitar a propagação da religião cristã no continente europeu. Um exemplo é a festa cristã do Natal, originalmente uma festa pagã que celebrava o solstício de inverno e o nascimento anual do Deus Sol mas que a Igreja Católica transformou na atual celebração do nascimento de Jesus Cristo.

Muito se fala, tanto em sites, livros e fóruns, sobre o possível plágio envolvendo Jesus Cristo, o deus cristão. Tais alegações se dão devido a enormes “semelhanças” entre informações de Jesus, que encontramos na sua palavra, a bíblia sagrada, com informações que temos a respeito de diversos “deuses de mistério”, como Mitra (persa – romano), Horus (egípcio), Dionísio (grego), Krishna (hindu – indiano), Attis (Frígia - Roma), dentre outros.

A alegação dos críticos é que Jesus é mero plágio destes mitos, mesclado com informações reais (fatos) acontecidos há dois milênios atrás, aproximadamente. Vamos analisar detalhadamente cada característica presente nestes deuses e compará-los com Jesus.

Vamos iniciar nosso estudo verificando algumas características básicas de tais deuses.

HÓRUS (egípcio) 3000 a.C.
Nasceu dia 25 de dezembro;
Nasceu de uma “virgem”, a deusa Ísis-Meri, com Osíris;
Nascimento acompanhado por uma estrela a Leste;
Estrela seguida por 3 reis;
Aos 12 anos, era uma criança prodígio;
Batizado aos 30 anos;
Começou seu ministério aos 30;
Tinha 12 discípulos e viajou com eles;
Operou milagres e andou sobre as águas;
Era “chamado” de Filho de Deus, Luz do Mundo, A Verdade, Filho adorado de Deus, Bom Pastor, Cordeiro de Deus, etc;
Foi traído, crucificado, enterrado e ressuscitou 3 dias depois.

Nos outros deuses, encontramos a mesma estrutura “mitológica”. Vejamos:

MITRA (persa – romano) 1200 a.C
Nasceu dia 25 de dezembro;
nasceu de uma virgem;
teve 12 discípulos;
praticou milagres;
morreu crucificado;
ressuscitou no 3º dia;
era chamado de “A Verdade”, “A Luz”
veio para lavar os pecados da humanidade;
foi batizado;
como deus, tinha um “filho”, chamado Zoroastro.

ATTIS (Frígia – Roma) 1200 a.C.
Nasceu dia 25 de dezembro;
Nasceu de uma virgem;
Foi crucificado, morreu e foi enterrado;
Ressuscitou no 3º dia;

KRISHNA (hindu – índia) 900 a.C
Nasceu dia 25 de dezembro;
Nasceu de uma virgem;
uma estrela avisou a sua chegada;
Fez milagres;
Após morrer, ressuscitou.

DIONÍSIO (Grego) 500 a.C
Nasceu de uma virgem;
Foi peregrino (viajante);
transformou água em vinho;
Chamado de Rei dos reis, Alpha e ômega;
Após a morte, ressuscitou;
Era chamado de “Filho pródigo [sic] de Deus

Existem outros deuses com características muito semelhantes a estes. Estes são os mais conhecidos porque co-existiram com a nova religião, chamada de cristianismo. Ou seja, quando o cristianismo surgiu, tais deuses ainda eram adorados. Este fato é o alicerce que sustenta a teoria do plágio cristão.

Vejamos porque esses deuses possuem tais características, tão iguais uns com os outros:
Os deuses de mistérios, na sua totalidade, possuem influências astrológicas. O deus maior é o Sol, a luz do mundo, o “salvador”. O Sol é facilmente considerado como deus, pois tais características são muito boas para um “salvador”. Ele traz vida, aquece, dá luz, etc.

O Solstício de inverno:
Um fenômeno conhecido desde a antiguidade são os solstícios, e no dia 22 de dezembro, ocorre o início do solstício de inverno (hemisfério norte), no qual o sol tem o seu ponto mais baixo no horizonte, devido à inclinação do eixo terrestre. Este ponto mais baixo permanece por um período de três dias, e, no dia 25 de dezembro, O sol sai deste ponto, subindo 1 grau e voltando, gradativamente, ao seu ponto mais alto, completando e finalizando assim o solstício de verão.

Estrela Sirius e a Constelação de três reis:
A estrela que brilha mais forte no céu é a estrela Sírius, que no dia 25 de dezembro fica alinhada à constelação de 3 reis (Marias aqui no Brasil). Este alinhamento aponta diretamente ao sol.

Sendo assim, o sol, saindo do solstício de verão “renasce”, movendo-se 1 grau para o norte depois de três dias (22-25) e quando renasce, é sinalizado pela estrela Sírius, seguida pela constelação de três reis, formando assim um alinhamento entre os três. Entende-se que as mitologias surgiram, ou tiveram como base, estes fenômenos. O Sol, renascendo, é sinalizado pela estrela, que, formando um alinhamento com a constelação de reis e o sol, nos mostra a constelação seguindo a estrela e indo em direção ao Sol (salvador). Então, temos a mitologia criada, de que o salvador foi sinalizado por uma estrela e que três reis foram até o salvador seguindo a estrela. Tal informação se assemelha com o relato do nascimento de Jesus. O mesmo fenômeno é comparado com a crucificação, quando o Sol termina o solstício de verão e fica neste período por três dias (enterrado) e ressurge (ressuscita) ao 3º dia. Tal comparação com a crucificação é devido á outro alinhamento estelar, este, com o cruzeiro do sul no dia 22. Ou seja, o sol é crucificado com o cruzeiro e ressurge no 3º dia (ressuscita) dia 25.

A verdadeira informação sobre o “nascimento” de Jesus no dia 25 de dezembro é que tal data foi adotada pela ICAR (católica) no final do 3º século. O cristianismo era contemporâneo ao mitraísmo e as duas religiões dividiam fiéis na sua época. Como Mitra “nasceu” no dia 25, por conveniência, o Catolicismo adotou a mesma data para o nascimento de Jesus. Além disso, adotou trajes, costumes e rituais pagãos do mitraísmo. Vejam o texto abaixo:

"...A celebração do Natal Cristão em 25 de dezembro surgiu por paralelo com as solenidades do Deus Mitra, cujo nascimento era comemorado no Solstício (de inverno no hemisfério norte e de verão no hemisfério sul). No calendário romano este solstício acontecia erroneamente no dia 25, em vez de 21 ou 22. Os romanos comemoravam na madrugada de 24 de dezembro o "Nascimento do Invicto" como alusão do alvorecer de um novo sol, com o nascimento do Menino Mitra. Já foram encontradas figuras do pequeno Mitra em Treveris e a semelhança com as representações cristãs do Menino Jesus são incontestáveis".

Estas semelhanças aparecem depois que o Catolicismo foi fundado, no final do 3º século, com o cristianismo oficializado no Império Romano, pelo Edito de Milão, expedido por Constantino, os cristãos rapidamente tomaram os postos dos sacerdotes pagãos na sociedade, inclusive mantendo as festas, rituais, vestimentas e indumentárias pagãs. Em Roma o papa cristão passou a ser o Pontífice, substituindo de maneira pomposa o anterior chefe religioso pagão. Constantino também está ligado a ele, esse legado concedido ao papa traria a unificação das religiões no império até porque o culto a Mitra oferecia semelhanças com o cristianismo. A conceituação de Deus como um sol, não somente por causa da facilidade com que esta alegoria se aplica a Deus, mas ainda porque os cristãos já a encontraram pronta nos cultos em seu entorno, e o mantiveram a interesse, como forma de solidificar um estado forte.

Outro fato que suscita dúvidas a respeito do plágio envolvendo o cristianismo, é exatamente a data de 25 de dezembro. Nos tempos de Jesus e nos milênios anteriores, não existia um sistema de calendário fixo para vários países ou povos. Cada um tinha o seu. Os calendários sempre eram confusos e muito diferentes um dos outros.

Muitas vezes, a sucessão de um novo rei, por ordem deste, era modificado o calendário a seu gosto e liberdade. Um exemplo disso é na própria bíblia. Não encontramos nenhum texto onde as pessoas comemoravam aniversários, por exemplo. Ou seja, as pessoas não sabiam em que data nasceram devido a tantas mudanças.

O calendário que adotamos hoje é uma forma recente de contar o tempo. Foi o Papa Gregório XIII que decretou o seu uso através da Bula Papal "Inter Gravissimus" assinada em 24 de fevereiro de 1582. A proposta foi formulada por Aloysius Lilius, um físico napolitano, e aprovada no Concílio de Trento (1545/1563). Nesta ocasião foi corrigido um erro na contagem do tempo, desaparecendo 11 dias do calendário. A decisão fez com que ao dia 4 de outubro de 1582 sucedesse imediatamente o dia 15 de outubro do mesmo ano. Os últimos a adotarem este calendário que usamos foram os russos em 1918.

Os calendários dos povos antigos eram baseados sempre pelas estações do ano e fases da lua. Porém, hoje, sabemos que as fases da lua não seguem uma cronologia correta, fazendo com que esse erro seja corrigido a cada 4 anos, ou seja, todo ano, sobram 6 horas.

O calendário Judaico é composto da seguinte forma: Os anos têm 353 dias quando são "defeituosos", 354 os "regulares", e 383 dias os "perfeitos" ou "abundantes". O Rosh Hashana (Ano Novo - 7 de outubro do nosso) dá início ao período de dez dias de penitência, que vai até o Yom Kipur, Dia do Perdão. O calendário israelita é lunissolar, com anos solares e meses lunares. Para se ajustar os meses ao ano solar, intercala-se um mês nos anos 3, 6, 8, 11, 14, 17 e 19 de um ciclo de 19 anos. Os meses são fixados alternadamente com 29 e 30 dias. Sempre em ordem e essa ordem não falhava, justamente por considerar apenas os movimentos observados da Lua e Sol. O calendário Judeu nunca sofreu modificações por parte de reis e governadores , sendo o mesmo até hoje.

A comemoração do Natal de Jesus surgiu de um decreto. O Papa Júlio I decretou em 350 que o nascimento de Cristo deveria ser comemorado no dia 25 de Dezembro, substituindo a veneração ao Deus Sol pela adoração ao Salvador Jesus Cristo. O nascimento de Cristo passou a ser comemorado no Solstício do Inverno em substituição às festividades do Dia do Nascimento do Sol Inconquistável.

Alguns críticos contemporâneos do cristianismo argumentam que essa religião não é baseada na revelação divina, mas foi emprestada das religiões de mistério, tais como o mitraísmo. O autor mulçumano Yousuf Saleem Chishti atribui doutrinas como a divindade de Cristo e a expiação a ensinamentos pagãos dos pais da igreja.

Teoria de fonte pagã. Chishti tenta demonstrar a vasta influência das religiões de mistério sobre o cristianismo:

“A doutrina cristã da expiação de pecados foi altamente influenciada pelas religiões de mistério, principalmente o mitraísmo, que tinha seu filho de deus e mãe Virgem, crucificação e ressurreição após expiação dos pecados da humanidade e, finalmente, sua ascensão ao sétimo céu.”

Ele acrescenta:

"Quem estudar os ensinamentos do mitraísmo juntamente com os do cristianismo, certamente se surpreenderá com a afinidade que é visível entre eles, tanto que muitos críticos são obrigados a concluir que o cristianismo é o fac-símile ou a segunda edição do mitraísmo (Chishti, p.87)".

Chishit descreve algumas semelhanças entre Cristo e Mitra:

"Mitra foi considerado o filho de Deus, foi um salvador e nasceu de uma virgem, teve doze discípulos, foi crucificado, ressuscitou dos mortos no terceiro dia, expiou os pecados da humanidade e voltou para o seu pai no céu (ibid.,87-8)".

Ronald Nash, autor de O cristianismo e o mundo Helenístico, escreve:
"O que sabemos com certeza é que o mitraísmo, tal como seus competidores entre as religiões de mistérios, tinha um mito básico. Mitra supostamente nasceu quando emergiu de uma rocha; estava carregando uma faca e uma tocha e usando um chapéu frígio. Lutou primeiro contra o Sol e depois contra um touro primevo, considerado o primeiro ato da criação. Mitra matou o touro, que então se tornou a base da vida para a raça humana (Nash, p.144)."

Tudo isso levado em consideração, no meu entender a dúvida permanece. E penso que independe de ser ateu, crente, católico, espírita, umbandista ou algo que o valha, em termos de religião. O fato de alguns aspectos da vida de Jesus serem obscuros ou mesmo uma cópia de outras divindades mais antigas, não diminui a sua relevância, em qualquer época. Tantos outros argumentos poderiam ser apresentados aqui, tanto para corroborar, quanto para derrubar a tese, porém tornaria por demais longa e maçante esta publicação. Sendo assim, apresento uma breve bibliografia, onde se poderá buscar maior embasamento sobre o assunto em questão.

Fonte principal: Texto "Jesus, um plágio", de Guilherm Born.
Zeitgeist, The Movie. A maior história de Todas - documentário.
Bernacchi, Alfredo - Sinto muito, mas Jesus não existiu. E-book edição própria. 
Datação do nascimento de Jesus - Wikipedia.org
Reis Magos - Wikipedia.org
Bíblia de Estudos NTLH - Sociedade Bíblia do Brasil 
Bíblia de Estudos NVI - Sociedade Bíblica Internacional 
NVI Digital em Cd-rom - Sociedade Bíblica Internacional 
Cristianismo e Mitraísmo. Uma apologia, por Dr. Norman Geisler - Enciclopédia de Apologética, Norman Geisler, Ed. Vida.
Apêndice, Nascimento Virginal - Prof. João Flávio Martinez - CACP - www.cacp.org.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário