quinta-feira, 18 de junho de 2015

RÁDIO: Afinal, quem foi o inventor?

O rádio, desde a sua invenção, não tem deixado de crescer. Venceu as distâncias, sejam de âmbito físico ou cultural, está ao alcance de todos os indivíduos, resistiu ao tempo, revigorou-se com a tecnologia digital na Internet, consolidou-se como um eficiente veículo de informação e comunicação, tornando-se num importante aliado em diferentes campos do saber, como na educação. O universo virtual veio modificar a forma da recepção e emissão radiofônica, transformando o conceito de receptor noutro que se aproxima mais da noção de utilizador pela forma como o ouvinte toma uma atitude ativa de pesquisa e consumo dos conteúdos. 

Por sua vez, a educação tem-se aproveitado dos novos recursos tecnológicos para produzir programas educativos multidisciplinares nas mais diversas áreas do conhecimento. Os meios evoluem, pois estando presentes em uma plataforma digital na Web ocorre numa potencialização dos recursos oferecidos, antes limitados, e abre-se caminho para novas possibilidades de interação com o público.

A invenção do rádio, como aparelho e meio de comunicação, está diretamente relacionada com a busca do desenvolvimento de uma tecnologia que permitisse a transmissão, sem fios, de sons à distância. Assim, o rádio pressupõe um fluxo unidimensional e público no qual se envia uma mesma mensagem para centenas ou milhares de pontos de recepção. Desde 1600 quando Willian Gilbert inventa o eletroscópio, estudando o magnetismo, até Lee DeForest, dezenas de pessoas ao longo de centenas de anos participaram da descoberta do rádio.

Em 1753, Benjamin Franklin propunha o uso da eletricidade para a transmissão de mensagens à distância. Paralelamente ao desenvolvimento do telégrafo e do telefone, seguiam as pesquisas sobre a eletricidade e suas características. De, aproximadamente, 1830 até o final de 1910, a tecnologia a ser empregada no meio de comunicação rádio, desenvolve-se com base nas pesquisas de ondas eletromagnéticas e nos avanços obtidos a partir do telégrafo e do telefone.

Michael Faraday, grande sábio inglês, descobriu a indução magnética em 1831. Em Cambridge, o professor de física James Clerk Maxwell demonstra, matematicamente, em 1863 que o efeito combinado da eletricidade e do magnetismo manifesta-se no espaço, contribuindo enormemente com a descoberta da matemática das ondas eletromagnéticas, diferentes somente em tamanho das ondas de luz. Em 1880, Thomas A. Edison observou que colocando em uma ampulheta de cristal um filamento e uma placa de metal separados entre si e ligando-se o filamento ao negativo de uma bateria e a placa ao positivo, constatava-se a passagem de corrente elétrica da placa para o filamento.

Em 1887, o professor Pupim descobriu a “sintonia elétrica”. Em 1890, o professor alemão Henrich Rudolph Hertz comprovou experimentalmente a existência das ondas eletromagnéticas propostas por Maxwell. Em 1894, o britânico Oliver Lodge demonstra a possibilidade de transmitir e de receber as ondas eletromagnéticas. A partir de 1894, o italiano Guglielmo Marconi realiza experimentos, empregando as tecnologias conhecidas, e consegue soar uma pequena campainha ligada aos equipamentos de recepção em transmissões que, gradativamente, chegam a um
quilômetro de distância.

Comete-se uma injustiça a um cientista brasileiro predecessor de Marconi. Ele obteve cartas patentes para o telégrafo sem fio, o telefone sem fio e o transmissor de ondas sonoras, além de uma carta lhe garantindo o mérito do pioneirismo científico na área de telecomunicações. Seu nome era Roberto Landell de Moura.

Mas a invenção e o desenvolvimento dos rádios receptores está, também, ligada ao grande inventor russo A. S. Popov. O primeiro receptor foi construído por ele e demonstrado em sete de maio de 1895, na Convenção Russa de Física. Popov nomeou o aparelho como “thunderstorm recorder”. Este aparelho funciona quando as ondas eletromagnéticas passando pela antena induziam correntes de radio-freqüência. Um tubo de vidro, preenchido com metal em pó, é conectado ao circuito. Sinais de alta freqüência diminuem a resistência do tubo, isto ocasiona um aumento da corrente da fonte local no circuito em que o eletromagneto, com molas em contato, está conectado em série com o tubo. O aumento da corrente acarreta uma atração do eletromagneto com uma caneta gravadora. Assim, o sinal é registrado em uma folha de papel. Conforme o sinal é recebido, pontos de contato fecham o circuito elétrico do sino. Este sino é posicionado de maneira que soe enquanto recebe o sinal e também acerte o tubo para que ele recupere sua resistência e esteja pronto para receber um novo sinal.

Em 1899, Popov e seus dois assistentes, Rybkin e Troitsky, descobriram que os sinais telegráficos poderiam ser recepcionados por fones de ouvido, aumentando o alcance da comunicação. Nos dez anos entre a experiência pública de Marconi e as transmissões radiofônicas iniciais nos Estados Unidos, começou-se a desenvolver a indústria dos eletro-eletrônicos.

O grande salto das descobertas e modernização ocorre em 1904 quando o grande cientista britânico John Ambrose Fleming inventa a válvula elementar, constituída de placa e filamento. Para transmissão da voz humana, ainda necessitava-se de uma certa estabilidade no fluxo de ondas eletromagnéticas, a qual só foi obtida em 1906, quando o norte-americano Lee DeForest desenvolve o triodo (válvula) baseado nas descobertas de Fleming. DeForest construiu a válvula Audion que era composta por filamento, placa e grade. Em 1911, a comunicação do solo para uma aeronave, através do rádio, foi alcançada. O período real para válvulas começaria apenas em 1915 com a produção das válvulas de rádio altamente evacuadas.

Na literatura contemporânea temos um amplo acervo sobre a história do rádio, podendo observar-se a existência de alguma controvérsia sobre a paternidade da invenção. Desde 1895, havia diversas experiências bem-sucedidas, de Guglielmo Marconi (na Itália), de Alexander Popov (na Rússia), de Landell de Moura (no Brasil) e Nikola Tesla (um imigrante croata, que vivia nos Estados Unidos). Contudo, tornou-se consensual atribuir a Marconi a paternidade da T.S.F. pois foi o que mais rapidamente patenteou o seu feito (em junho de 1896). Em 1989, vivendo na Inglaterra, teve sucesso na transmissão sem fios do código Morse através do canal da Mancha, e dois anos mais tarde (em 1901) conseguiu que sinais radiotelegráficos (a letra S do código Morse) emitidos de Inglaterra (da localidade de Poldhu) fossem escutados no Canadá (em St. Jonh’s), atravessando o Atlântico Norte. 

Há, no entanto, estudiosos brasileiros do fenômeno da rádio que atribuem muito mérito, e mesmo pioneirismo, às experiências realizadas pelo padre Landell de Moura, pois consideram que foi responsável por experiências de transmissão de voz humana, no ano de 1893, fazendo demonstrações publicações públicas em 1899 e 1900, conformem noticiaram os jornais “O Estado de São Paulo” e o “Jornal do Commercio”. 

Desse modo, podemos concluir que se Marconi é o iniciador da emissão-recepção eletrônica telegráfica, Landell de Moura é o pioneiro da emissão-recepção fotônica-eletrônica em fonia, fazendo uso de diversas descobertas de Tesla, Faraday, Hertz, Popov. É muito difícil temporizar uma ideia. Afinal, o que determina o pioneirismo? Quem inventou o conceito primeiro? Quem percebeu sua utilidade? Quem determinantemente criou os dispositivos e mecanismos para o funcionamento do rádio? O fato é que durante décadas, o registro da patente ficou em nome de Marconi, sendo posteriormente atribuído a Tesla, postumamente. 

O fato é que, se não fosse pelos três, Landell de Moura, Marconi e Tesla, mas também por diversos outros pesquisadores, talvez a descoberta da radio-difusão pudesse no mínimo ter demorado muito mais tempo para ser utilizada globalmente. E não seria este o ideal da Ciência? De utilizar as maiores e mais produtivas mentes para desenvolver melhorias para toda a humanidade? Sem se preocupar tanto com lucros e fama, mas mais com seus semelhantes?

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