terça-feira, 16 de junho de 2015

RELIGARE: Religião é algo que não se discute?


Eu não publico sobre religião por diversos motivos, sendo um deles justamente a repercussão. Mas não é só isso, não se trata apenas de me resguardar de criar um ambiente tenso, e receber cobranças e ofensas morais por publicar a respeito de um assunto que, sim, faz parte dos dispositivos de controle da elite. 

Eu não publico mais sobre religião, simplesmente porque para mim é um assunto não resolvido! Não sou ateu, mas tenho inúmeras dúvidas em relação a tudo que envolve o sagrado e a deidade. Não que eu não detenha conhecimento suficiente sobre o assunto, justamente o oposto; estudo e pesquisa na mesma proporção que outros tópicos, só que minhas crenças pessoais não passam disso, crenças. Não me sinto seguro em afirmar que este ou aquele profeta existiu ou proferiu esta ou aquela sentença. Bem diferente da política, onde existem provas irrefutáveis do controle e da opressão social que sofremos da minoria governante.

Então, se para mim mesmo é um assunto pendente, em que tenho mais dúvidas do que certezas, apesar do conhecimento que possuo, como posso publicar a respeito, e assim correndo o risco de descaracterizar os leitores, levando-os ao engodo?! Afinal, se formos analisar friamente, Deus é muito mais um conceito pessoal do que uma entidade física, e portanto, notável.

Partindo deste princípio, tomemos por base as diversas facetas do sagrado, mundo afora. Não existe unanimidade no que concerne a um Deus. Cada região do planeta nos apresenta suas representações do divino, e isso se dá justamente pela peculiaridade do meio e da cultura. Ao abandonar o debate, a pessoa está de fato afirmando que não há o que se debater, pois somente o seu Deus é autêntico. A fé deve ser um instrumento que nos abra novas perspectivas, que nos indique novos caminhos. Quando uma pessoa não assume seu posicionamento em um debate, ela fecha estas portas. Existem muitas pessoas que conhecem muito bem a fé que professam, que não têm dúvidas em seus corações e mentes; porém, ao primeiro sinal de antagonismo, preferem se abster, permitindo que interpretações vagas e aforismos dominem o debate. Todos perdem. 

Ao negar estas possibilidades, é quase como que admitir tudo aquilo que se diz contra as religiões, já que se limitam a impor sua opinião, fazendo ouvidos moucos a tudo aquilo que vá contra suas próprias crenças. Não deixa de ser uma forma de fanatismo, radicalismo. A única certeza que cada pessoa possui a respeito da religião que segue é a fé que ela carrega. A fé deve ser testada, assim como a inteligência. Ambas se afiam quando colocadas à prova. Meu intento aqui no blog não é catequizar, converter ou convencer, mas sim questionar. Se cada pessoa questionada a respeito da fé que professa se calar e não apresentar seus argumentos, motivos e crenças, essa fé perde todo o seu sentido. 

E é por isso que EU não publico tanto sobre religião. Pois minha fé não é sólida como a de diversas pessoas que leem aquilo que publico. Eu fui criado no catolicismo, fui batizado, fiz catequese e tomei a primeira comunhão. Estudei a Tradição do Sol e a Tradição da Lua, a teosofia de Blavatsky, o espiritismo kardecista, e por aí vai. Estou com 39 anos, sendo que mais da metade deste tempo, eu busco respostas. Encontrei algumas, que me levaram a outras indagações. É onde eu vivo hoje, entre perguntas de difíceis respostas. Só sei que nada sei. E por nada saber, eu pesquiso, eu estudo, eu busco diferentes opiniões, tentando entender os motivos de vivermos como vivemos, e morrermos como morremos. 

Então, com base em mim mesmo, na minha própria experiência de vida, penso que devemos estar abertos e permitir que nos questionem, que questionem nossas crenças, que questionem os diversos deuses que ocupam o panteão terrestre. Sem tomar estes questionamentos como ofensas pessoais, dirigidas com o intuito único de nos atingir moralmente. 

Até porque, uma tremenda demonstração de fé é justamente o emprego da tolerância. Ser tolerante, ainda mais quando o tema é a religião, é o exemplo máximo de superioridade moral, que normalmente subentende-se oriunda da espiritualidade elevada. Não é porque determinadas "religiões" cometeram incontáveis atrocidades durante séculos, que devemos nos portar da mesma forma, queimando ou empalando pretensos "adversários". 

Some a tudo isso, o fato de que os únicos que podem dizer que já nascem com sua "opção" religiosa pré-condicionada, são os judeus. Um judeu nasce judeu, e há não ser que algo de muito errado ou estranho ocorra, ele seguirá os ritos milenares de seu povo. Mas um cristão não nasce cristão. Um muçulmano não nasce muçulmano. Um hindu não nasce hindu. Não vou citar o Espiritismo, pois o contexto aqui é outro. 

O fato é que seremos pressionados a seguir determinada religião, conforme nossas interações sociais se desenvolvem no decorrer de nosso crescimento, nosso envelhecimento. Essa pressão pode ser familiar, social ou mesmo através de um exemplo marcante. Quero dizer com isso que ninguém nasce adorando a deus algum, isso nos é incutido através de diversos métodos. Além disso, cada ser humano percebe e entende o universo ao seu redor de formas diferentes, incluindo aí sua ligação com o sagrado e suas múltiplas representações.

Veja bem, não estou aqui negando a existência de Deus, mas sim afirmando que religião alguma no mundo detém a supremacia sobre qualquer verdade inconteste. Ora, sendo assim, por que mitigar a crença de outrem? Tua fé é só tua, assim como tua compreensão de Deus. Faz, portanto, bom uso dela, demonstrando sempre os mais virtuosos valores que os ensinamentos sagrados que as inúmeras religiões existentes carregam em suas doutrinas e normas comportamentais.

Como fazer isso? Partindo de uma premissa das mais básicas: não fazer aos outros o que não desejarias que te fizessem...

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